Honrosos intervenientes na Proteção Civil,
Como prelúdio à celebração do Dia Internacional da Proteção Civil 2024, é para mim uma honra dirigir-me ao mundo em geral e ao mundo da Proteção Civil em particular. Não poderia iniciar este exercício sem reiterar os sinceros agradecimentos da Organização Internacional de Proteção Civil (OIPC) a todos aqueles, leigos, amadores, voluntários ou profissionais da Proteção Civil que, durante o ano findo, puseram em risco as suas vidas para proteger ou salvar as vidas dos
outros.
De facto, 2023 foi um ano particularmente desastroso. Desde fenómenos naturais, como sismos e inundações com consequências catastróficas, até fenómenos sociopolíticos, como a deslocação massiva de pessoas para outros países, os intervenientes da Proteção Civil estiveram em todas as frentes. Retemos ainda na memória a sua presença na Turquia, na Síria, na República Democrática do Congo, em Marrocos, na Líbia, na Palestina, etc. Estes acontecimentos, retumbantes pelo número de mortos e danos materiais que provocaram, todavia não ofuscaram outros, mais numerosos, que ocorreram aqui e ali e nos quais nenhuma comunidade foi poupada.
Quer se trate de acidentes rodoviários, incêndios florestais, deslizamentos de terras, furacões, ou outros, todos estes fenómenos, que resultaram em muitas mortes e enormes perdas económicas, merecem uma atenção especial, porque “cada morte numa catástrofe é uma pessoa saudável que morre”. O ano de 2023 terminou com dezenas de milhares de vidas perdidas, maioritariamente
devido a sismos, inundações e conflitos humanos, não podendo ser ignorados os inúmeros danos
materiais e ambientais.
Felizmente que a intervenção solidária dos Estados, tanto a nível internacional como ao nível das instituições nacionais, foi posta em marcha para salvar vidas, aliviar o sofrimento e restabelecer as condições de vida. Para isso, foram aplicadas várias técnicas, desde os meios mais
rudimentares às tecnologias mais inovadoras, dependendo das categorias dos intervenientes e dos
níveis de intervenção.
Num contexto em que os efeitos das alterações climáticas deixaram de ser um tabu, tendo em conta o número e a intensidade cada vez maiores das catástrofes, os seus impactos sobre as pessoas, os bens e o ambiente, independentemente do nível de riqueza das comunidades, a Organização Internacional de Proteção Civil recomendou como tema de reflexão, no contexto da celebração do Dia Internacional da Proteção Civil 2024: “Tecnologias inovadoras ao serviço da
Proteção Civil”.
A grande diversidade de ferramentas relacionadas com estas tecnologias faz com que elas sejam acessíveis a todos, de acordo com as suas capacidades. Drones, Satélites, Robôs e Veículos Autónomos, Sensores Inteligentes, Tecnologia 3D, Sistemas de Informação Geográfica (GIS), Internet das Pessoas e das Coisas, Inteligência Artificial (IA), são ferramentas que os
intervenientes da Proteção Civil podem utilizar para prever, prevenir, preparar, responder ou reconstruir.
Em matéria de previsão, as tecnologias de satélite fornecem dados em tempo real, para monitorização de riscos. De igual modo, a análise das bases de dados históricos sobre as catástrofes, através da Inteligência Artificial, pode ajudar a prever situações de emergência. A
Internet das Pessoas e das Coisas pode ser utilizada para informar, educar e sensibilizar as populações para a gestão das situações de emergência. Neste sentido, está bem demonstrado o poder das redes sociais para difundir mensagens úteis junto das populações, principal foco da Proteção Civil antes, durante e depois de situações de emergência, a fim de reduzir o seu impacto.
A utilização de Drones, Robôs e outros mecanismos inteligentes contribui para a redução das consequências das catástrofes, graças ao seu acesso fácil e/ou rápido a zonas perigosas ou onde é difícil chegar.
Estas tecnologias contribuem, entre outros factores, para o reforço da coordenação das diferentes estruturas de Proteção Civil e para o envolvimento das populações na gestão do risco de catástrofes. A sua integração nos sistemas de gestão de riscos e emergências irá, sem dúvida, melhorar consideravelmente a segurança das populações, bem como do pessoal da Proteção Civil.
Além disso, a OIPC convida os intervenientes da Proteção Civil a investirem mais no desenvolvimento e na integração de tecnologias inovadoras, em todas as fases da gestão do risco de catástrofes, sejam elas de origem natural ou antropogénica.
Gostaria de aproveitar esta oportunidade para reafirmar o compromisso da OIPC em desempenhar o seu papel na redução do risco de catástrofes e no seu impacto em todo o mundo, no contexto, entre outros, de programas de formação ou de assistência técnica adaptados ao
desenvolvimento dos sistemas nacionais de proteção civil.
O Secretário-Geral
Mariatou YAP